segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

GESTAR II - PORTIFÓLIO VIRTUAL

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

GESTAR II - ATIVIDADE PROPOSTA PELA FORMADORA AYA:
MEMÓRIAS

Tecendo minhas manhãsGESTAR II -Sábado, 27 de novembro de 2009

(Gianka Salustiano Bezerril)

Escrever é algo sempre desafiador, e quando esta escrita requer um trabalho de recuperação pelos fios da memória de um (per)curso de vida é mais inquietante e laborioso. Partindo desta observação, lembro-me de João Cabral de Melo Neto que em seu célebre poema Tecendo a manhã diz “Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos” e assim, inicio este relato com o desafio de rememorar as experiências mais importantes e os personagens mais ilustres que permearam as veredas por mim trilhadas no ensino fundamental. Os caminhos por mim percorridos, os conhecimentos conceituais e metodológicos que fiz uso foram, na verdade, uma mistura de concepções que só hoje identifico. Ao contrário da maioria das pessoas não foram os anos iniciais que marcaram minha trajetória, mas a adolescência.

Optar pela docência foi em minha história de vida uma escolha natural e espontânea, que não surgiu de nenhuma exigência de familiares nem pessoas afins, mas de uma série de experiências que desde pequena vivenciei no ambiente do lar e na escola. Meu pai sempre disponibilizou para mim, filha única por doze anos, um acervo de livros significativos em nossa estante, apesar de não ter tido uma formação acadêmica, era um autodidata, alguém que lia compulsivamente, e em meio ao seu silêncio de leitor atento, eu percebia a satisfação que seus olhos e sua expressão facial deixavam transparecer. Ele assim me envolvia sem saber no universo da leitura. Para mim, ela parecia sempre prazerosa, recheada de uma satisfação permanente que fazia dele um leitor em potencial.

Nasci em Natal, a capital do Rio Grande do Norte. Sou filha de pessoas com escolaridades bem distintas, meu pai um autodidata, cursou todo o ensino médio, mas optou por não seguir a carreira acadêmica como os outros irmãos, apesar de passar a maior parte de seu dia no Centro de Tecnologia da UFRN, seu local de trabalho; minha mãe não teve tantas oportunidades na vida, filha de agricultores, trabalhou bastante tempo na roça, arando a terra e ajudando os seis irmãos nas tarefas agrícolas e do lar junto a minha avó. No entanto, ambos, apesar de experiências de vida distintas, acreditavam na educação como um caminho para o acesso a outro mundo. Penso que não sabiam bem a qual, mas a um outro.

Uma segunda influência veio de minha mãe, apesar do pouco estudo, fez apenas a antiga quarta série, mas incentivava o meu gosto pela leitura. Quando ainda criança, dava-me de presente as antigas enciclopédias, livros bíblicos, manuais de redação e outros tantos exemplares de gêneros diversos vendidos por algum representante na porta da casa. Oferecer para mim o contato com os livros era uma forma de suprir suas dificuldades na leitura. Cientes do valor da educação formal, tive na figura de meus pais a minha primeira agência de letramento. Fui educada para chegar à Universidade, este era o sonho que os dois tinham a certeza e que se concretizaria.

Uma força poderosa em minha caminhada foram as escolas em que estudei, fiz da alfabetização ao ensino médio em escolas públicas e fui alfabetizada por uma professora particular, Tia Alba, mãe de uma grande amiga, descoberta depois. Minha mãe pensava que já devia chegar à escola alfabetizada, aos cinco anos e meio já lia com proficiência para uma criança daquela idade e aos nove anos era leitora oficial das novenas da vizinhança, percorria todo o bairro e de casa em casa fazia as leituras religiosas.

Essa fluência na leitura desenvolveu o prazer pela oralidade, lia sem vergonha os textos da igreja, depois os textos escolares, as cartas dos familiares destinadas a minha mãe, e hoje penso que a minha facilidade de comunicação e de exprimir o meu pensamento é resultado dessa experiência, desse contato muito íntimo com a expressão oral estimulada na infância. Acredito que sim.

A escola veio fortalecer o que a família e os amigos já estimulavam e com ela aprendi a otimizar o meu tempo e fazer minhas escolhas. Na 6ª série (7º ano) fui apresentada a José Lins do Rego e ao romance regionalista, estive nas terras do menino Doidinho, o Carlos, e misturei ficção à realidade. Visitar aquela fazenda na Paraíba foi mergulhar nas páginas dos livros que formavam o ciclo da cana-de-açúcar desse grande escritor. Experiência singular que traz um doce sabor acre, como as terras do velho avô de Carlos, o menino de engenho. Na ocasião, fomos apresentados, eu e meus colegas de turma, as marcas do cajado do velho senhor dono da fazenda, hoje não sei de fato se eram verdadeiras aquelas marcas no chão de barro da velha casa visitada, mas preciso crer que sim, são verossímeis, não posso nem ouso duvidar de minhas verdades de menina, são tudo que tenho e guardo num baú bem fechado, só abro quando preciso, como agora, em que tenho o desejo de compartilhar meus pequenos grandes sonhos de criança.

A escola foi para mim uma importante agência de letramento, tive a sorte de estudar em escolas públicas de excelente qualidade, já desde a 6ª série (hoje 7º ano) comecei o estudo da língua francesa e a paixão que carrego pelo idioma vem dessa época. O teatro me fez conhecer Castro Alves e até hoje me recordo de seu célebre poema “Navio Negreiro”: “ Meu Deus, Meu Deus por que me abandonaste?/Colombo arranca este pendão dos ares, Cabral fecha a porta de teus mares...”. Nesse período, já sentia uma sintonia com a Língua Portuguesa, fascinava-me a possibilidade de um dia entender os conceitos lingüísticos, saber mais sobre a morfologia, a sintaxe, a produção textual. Recordo-me que há alguns meses atrás, resolvi fazer uma limpeza no sótão e descobri verdadeiras relíquias desta época: anotações, rascunhos e textos em formato de artigos que fiz quando adolescente e surpreendi-me com a qualidade das produções. Esse gosto pela escrita já me fascinava desde cedo, já estava em mim.

Aos 12 anos, quando cursava a antiga 7ª série, no ano de 1983, perdi o meu autodidata, pessoa ícone em meu universo real e imaginário. Passei então a morar por um período de aproximadamente um ano, na casa de um primo muito próximo, praticamente irmão de meu pai já falecido, minha mãe decidi ficar longe de casa por um tempo, seu mundo também tinha ruído. Por esta época, convivi durante muito tempo com uma prima escritora, com a qual dividi o quarto, por um tempo, até ser infelizmente transferida para outro. Aquele quarto que para mim era objeto de desejo, com estantes que continham tudo aquilo que um leitor atento poderia almejar: livros de poesia, contos, crônicas, Machado de Assis, Vinícius de Morais, Zila Mamede, Florbela Espanca, Ana Cristina César, Câmara Cascudo, Auta de Souza e tantos outros que fomentavam ainda mais a minha paixão desenfreada pela literatura. Aquelas leituras, muitas vezes superficiais, de uma adolescente que não tinha ainda um repertório que abarcasse a complexidade de alguns textos, era a minha quarta grande agência de letramento. Escondia os livros que minha prima não gostava que mexessem, para no silêncio das tardes, quando ela saía, empreender minha viagem no mundo da ficção. Aprendi com seus poemas, um verso que trago para minha vida: “Quem não ama, o deserto assombra”.

Por essa época, comecei a rascunhar alguns textos poéticos, guardo este caderno de poesias em forma de diário, são poemas românticos que um dia penso em publicar. Poucos amigos daquela época sabiam do meu pendor para poesia.

Eu cresci em meio a esse universo letrado, e minha escolha em ser professora foi sustentada por essas pessoas: meu pai, minha mãe, minha prima, minha escola e os professores que felizmente tive nas escolas públicas pelas quais passei.

Acredito que as nossas agências de letramento, e essas práticas sociais e emotivas pelas quais passamos, determinam nossas escolhas, delineiam nosso caráter e nos fazem seres melhores ou piores. Como veem, no passado, eu não teci sozinha as minhas manhãs, precisei de muitos galos, fios sendo tecidos e retecidos, e hoje ainda necessito de professores como vocês com experiências diversas, semelhantes aqueles de minha infância, mas sobretudo educadores que sabem que a teoria sem a emoção não significa muito, e hoje quando já cheguei àquela Academia sonhada quando menina, por mim e pelos meus pais, é que sinto como ainda preciso de vocês para outras manhãs serem tecidas.



Oficina do Caderno de Teoria e Prática (TP6)
Formadora: Gianka Bezerril
Local: CENEP/RN
Data: 27/11/09
Carga horária: 4h

O objetivo desta oficina é identificar estratégias relacionadas ao planejamento e à revisão durante a escrita de textos.


Parte I (20 minutos)

Neste momento, fizemos as discussões sobre o conteúdo tratado nas unidades 21 e 22, também elucidamos algumas dúvidas dos cursistas e discutimos alguns pontos em relação ao conteúdo e à aplicação proposta.

Parte II (50 minutos)

Este é um momento de troca. Aqui o objetivo é contar como foi a aplicação do Avançando, partilhar acertos e dificuldades, por isso, os cursistas trouxeram o resultado de sua prática por escrito para entregar ao Formador e socializar com os colegas. Os cursistas relataram como se deu essa experiência: planejamento, dificuldades teóricas encontradas, dificuldades de aplicação, resultados positivos deles e dos alunos e avaliação do alcance de seus objetivos propostos.

Vejam um pouco do relatório e do material produzido por uma cursista em sua escola.



RELATÓRIO “AVANÇANDO NA PRÁTICA”

TP 6 – Unidade 21 – Seção 1

CURSISTA: Marinalva

O Avançando na Prática desenvolvido se encontra na TP-6, Unidade 21, Seção 1, página 23. Foi aplicado com alunos do 8º Ano “U”, da E. E. Casa do Menor Trabalhador, turno matutino, que visa identificar marcas de argumentatividade na organização dos textos. Realizou-se da seguinte forma:

Foi posto no quadro o enunciado “Estudar é importante. Para alcançar um resultado positivo nos estudos e ter um final de ano mais feliz é preciso:”. Os alunos opinaram e escolheram-se algumas falas para registro no quadro. Então, teve início a discussão sobre as características, objetivo e a quem estava dirigido o texto em questão. Esclareceu-se que a primeira parte constituía a idéia principal, é o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte. Seria a tese. A segunda parte apresentava os motivos, as razões usadas para convencer o leitor/ouvinte da validade da tese. Seriam os argumentos.

Depois disso, separaram-se em grupos e receberam a orientação para escolherem um assunto do interesse deles; que cada grupo criaria sua tese a ser defendida e os argumentos que a comprovaria. Ao término, cada grupo expôs oralmente seu trabalho. Essa atividade fluiu facilmente. Mesmo havendo a repetição de temas (trânsito) observaram que os argumentos diferenciavam-se.

A participação e o interesse dos alunos no desenvolvimento dessa atividade foram excelentes. Trocaram ideias não só com os colegas do próprio grupo, mas também com os demais. E em harmonia e tranqüilidade, o que não é comum em trabalhos como esse.

Atribuo o sucesso deste Avançando na Prática ao fato de já terem trabalhado a propaganda, texto que tem como característica principal o convencimento e o injuntivo, que se utiliza geralmente de verbos no imperativo. Esses recursos contribuíram bastante na produção desse texto argumentativo por ser mais diretivo e em forma de ordens explícitas ao leitor/destinatário.

O Avançando na Prática desenvolvido se encontra na TP-6, Unidade 21, Seção 1, página 23. Foi aplicado com alunos do 8º Ano “U”, da E. E. Casa do Menor Trabalhador, turno matutino, que visa identificar marcas de argumentatividade na organização dos textos. Realizou-se da seguinte forma:

Foi posto no quadro o enunciado “Estudar é importante. Para alcançar um resultado positivo nos estudos e ter um final de ano mais feliz é preciso:”. Os alunos opinaram e escolheram-se algumas falas para registro no quadro. Então, teve início a discussão sobre as características, objetivo e a quem estava dirigido o texto em questão. Esclareceu-se que a primeira parte constituía a idéia principal, é o objetivo de convencimento do leitor/ouvinte. Seria a tese. A segunda parte apresentava os motivos, as razões usadas para convencer o leitor/ouvinte da validade da tese. Seriam os argumentos.

Depois disso, separaram-se em grupos e receberam a orientação para escolherem um assunto do interesse deles; que cada grupo criaria sua tese a ser defendida e os argumentos que a comprovaria. Ao término, cada grupo expôs oralmente seu trabalho. Essa atividade fluiu facilmente. Mesmo havendo a repetição de temas (trânsito) observaram que os argumentos diferenciavam-se.

A participação e o interesse dos alunos no desenvolvimento dessa atividade foram excelentes. Trocaram idéias não só com os colegas do próprio grupo, mas também com os demais. E em harmonia e tranqüilidade, o que não é comum em trabalhos como esse.

Atribuo o sucesso deste Avançando na Prática ao fato de já terem trabalhado a propaganda, texto que tem como característica principal o convencimento, que se utiliza geralmente de verbos no imperativo. Esses recursos contribuíram bastante na produção desse texto argumentativo por ser mais diretivo e em forma de ordens explícitas ao leitor/destinatário.

Parte III (150 minutos)
Nesta parte da oficina, os cursistas desenvolveram crônicas a partir de um trecho do texto de Moacyr Scliar, publicado em O imaginário cotidiano. São Paulo: Global, 2002. p. 155-156. Vejam um dos finais dados por uma das duplas:

Espírito Carnavalesco



“Ensaios da escola de samba Mocidade Alegre atrapalham sono de moradores

da região.”

Cotidiano, 29 jan. 2001

Cansado, ele dormia a sono solto, quando foi bruscamente despertado pela esposa, que o sacudia violentamente.

– Que aconteceu? – resmungou ele, ainda de olhos fechados.

– Não posso dormir. – queixou-se ela.

– Não pode dormir? E por quê?

– Por causa do barulho – ela, irritada: - Será possível que você não ouça?

Ele prestou atenção. De fato, havia barulho. O barulho de uma escola de samba ensaiando para o carnaval: pandeiros, tamborins… Não escutara antes por causa do sono pesado. O que não era o caso da mulher. Ela exigia providências.

– Mas o que quer você que eu faça? perguntou e, agora, também irritado.

– Quero que você vá lá e mande eles pararem com esse barulho.

- Afinal de contas a grande incomodada é você, eu estou com muito sono para me preocupar com escola de samba, não sou nenhum carnavalesco.


- Quanta falta de gentileza, você é mesmo um grosso. Pois irei mesmo, sou muito mulher para resolver meus problemas sozinha.


- Vá com Deus! E não me acorde quando voltar.


Horas depois a mulher retorna. O marido preocupado pergunta o porquê da demora, ele parecia não ter conseguido mais dormir e indaga:


- E aí mulher, por que demorou tanto? Saiu há mais de três horas!


- Agora você se preocupa, adorei ter ido.


- Qual o motivo da demora, explique logo?


- Quer saber mesmo? Ao chegar ao barracão, descobri que durmo demais, a galera toda me recebeu com muito samba no pé e resolvi curtir o resto da noite.


- O quê?


- É isso aí, curti e muito, agora vou dormir. Como disse: você não é nenhum carnavalesco. E não é mesmo. O que eu encontrei por lá é que tem ginga no pé. Boa noite ou bom dia!


Parte IV – Avaliação da oficina (20 minutos)

A avaliação do grupo em relação a oficina desenvolvida foi bastante satisfatória, percebemos o interesse de todos no desenvolvimento das atividades e debates, assim como, o empenho na produção da proposta de produção textual solicitada. Percebemos que o enredo do texto contribui no interesse dos alunos.

Parte V - Proposta de atividades (20 minutos)

Propomos o estudo dos temas discutidos e a leitura de alguns textos teóricos, já comentados em sala. Fizemos um levantamento oral dos principais pontos discutidos ao longo das demais oficinas e traçamos algumas estratégias de planejamento para 2010. Salientando a importância do estudo sistemático das TPs estudadas.